Tenho escutado muitas histórias de frustrações de “quase
relacionamentos” ultimamente. De amigos e amigas. Todas praticamente com
o mesmo problema. Ele(a) me quer, mas não me quer. Uma hora aparece e é
“só amores” e depois vem com a história que está confuso(a), não sabe
se é isso que quer.
Tipo cão que não larga o osso. Não conseguem decidir, mas também não
liberam o outro. Voltam sempre dos mortos para atormentar. Tipo “Walking
Dead”.
Típica situação: você conhece alguém legal e de cara vocês se
encaixam. Passam bons tempos quando estão juntos. Até aí tudo vai bem.
Mas a pessoa, apesar de ficar feliz com você, não consegue simplesmente
dizer: “vamos ficar juntos”. E chovem as desculpas: “vamos com calma”,
“acho que é muito cedo para decidir alguma coisa”, “estou confuso(a)”,
“acabei de sair de uma situação difícil”. E mesmo sem nenhuma pressão
para nada. Você está só deixando rolar. E a pessoa some alguns dias,
depois aparece do nada, te querendo loucamente, e te cobrando atenção.
Você se questiona: ou eu sou louca ou ele é que está me fazendo de
louca. E você se sente solta(o). Não sabe se espera ou parte para outra,
porque afinal você gosta dele(a) e queria que desse certo. E se você
colocar na parede, provavelmente vai sumir mais rápido que um raio no
céu.
Acho que é que nem comprar roupa de festa. Você entra em uma loja,
prova algumas e acha uma que não é perfeita para você. Não é exatamente o
que você estava querendo. Mas, para não correr o risco de não encontrar
o que você quer e ficar sem roupa, você reserva essa na loja e continua
procurando. A roupa é boa, é bonita e ficou bem em você. Mas você não
tem certeza, você fica em dúvida. Mas, se na hora de experimentar a
mesma roupa, ela fosse exatamente o que você estava esperando (dentro do
preço esperado também, é claro!), você nem vai em outra loja. Compra
sem medo, sem remorso. Era isso que você queria e pronto. Satisfação
total.
E aí, que mora o perigo da coisa. Uma roupa é uma roupa, uma coisa,
não tem vontade, nem vida. Não dá para fazer o mesmo com uma pessoa, que
pensa, que sente, que decide e sofre. Encher de expectativas e ir
embora quando achar quem não te deixa dúvidas.
E não dá para agir que nem roupa também, e ficar na loja esperando a
boa vontade da pessoa decidir se te quer ou não. Enchendo-se de
esperanças e se reservando de conhecer outras pessoas que podem te
escolher com o coração.
A verdade é que talvez você seja realmente algo muito bom para aquela
pessoa naquele momento. Mas ela não te escolheu com o coração. Você não
é a roupa que ela sonhava e queria. Você é interessante, bonita e uma
boa possibilidade, mas não preenche todas as expectativas. É apenas a
possibilidade. E aí, a pessoa te reserva na loja. Como já é comprovado
que com você dá certo, o melhor é somente ir fazendo a manutenção do
relacionamento contigo, sem compromisso. E ir conhecendo outras pessoas,
até achar a roupa certa.
Uma dica que eu dou para quem se encontra nessa situação agora é:
PARA! Não importa se você ama, gosta, curte, está carente ou sei lá. Não
fique à mercê da vontade do outro. Se ele(a) não decide, decida você!
Se a pessoa não consegue decidir o que faz com a própria vida, porque
você acha que ela sabe o que fazer com a sua vida? Não dá para deixar
suas decisões nas mãos de ninguém além de você mesmo.
Até porque, no fundo de todas essas atitudes tem uma certeza: a
pessoa não te quer. Pode parecer duro e seco dito assim. Mas quando se
está diante daquilo que se quer, não existem dúvidas. Não se entra em
outra loja para testar outras. Não existe “não sei se é isso que eu
quero”. Só existe o que se quer. E tenho certeza que, diante disso,
faz-se todo o necessário para conseguir.
E se você, agora, tem alguém que você não sabe se quer de verdade, e
está somente mantendo um certo relacionamento até decidir: PARA também!
Eu acho que quem tem dúvida é porque não quer. A dúvida já é indício de
que falta alguma coisa. É um alerta que surge quando não se quer de
verdade. Digo isso, é claro, quando a dúvida é sobre ter ou não aquela
pessoa. Quando se sente que aquele outro não te satisfaz completamente,
por melhor que seja.
Não estou falando da dúvida de não querer um relacionamento, de ter
medo, ou insegurança de dar um passo mais sério. Nesses casos eu
recomendo conversar com amigos sensatos ou terapia mesmo. Acho mais
eficaz.
A regra é antiga e simples: Quem quer, quer. Quem não quer, liberta o
outro para seguir sua vida. Como diria meu avô: “quem não compra nem
vende, desocupa a venda.” (Ana Karenina Macedo)
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